Com o final da inflação acelerada, a geração de recursos do faturamento de obras públicas ou privadas, e a aplicação destes recursos no mercado financeiro deixou de ser o grande atrativo que alimentou empresas. A adequação aos novos tempos tem custado caro, e muitos quebraram. Faltam investimentos e os empregos estão cada vez mais e escassos.
O engenheiro civil sonha com um emprego que lhe dê conforto, posição e estabilidade. Não se prepara para ser um profissional liberal na essência, que terá de conquistar seu espaço e se impor através de resultados, da competência.
As grandes obras diminuíram, o emprego não existe. O empregador não tem como arcar com as responsabilidades e os encargos de uma carteira assinada, seu produto não tem como suportar os aumentos de custos, sem repassar ao consumidor, que por sua vez não tem reajustes na mesma velocidade.
Nas licitações, os setores de planejamento e orçamentos fazem malabarismos para viabilizar os projetos, mergulham nos preços e ganham a concorrência. Todos ficam felizes, pois a "bicicleta continua andando". Fazem a obra e verificam que, computados todos os custos diretos e indiretos, impostos e encargos, houve prejuízo. A empresa perdeu, os impostos ficaram para depois, todos mantiveram o emprego mas as metas comerciais não foram atingidas.
Neste cenário existem poucas construtoras, pois a maioria ao longo dos anos foi cortando pessoal e hoje não possui mão de obra própria. Sub contratam todos os serviços, não investem na preparação e treinamento do pessoal.
Atuam como gerenciadoras do projeto, e tentam manter a qualidade através de certificações apenas na produção, o que na prática é discutível, pois os sub contratados, chamados "gatos" não são certificados, e não tem como investir na preparação da mão de obra. Toda a qualidade fica a cargo das certificações e dos Consultores contratados.
Todos participam de um cenário teatral em que o empresário, o investidor e o engenheiro não tem objetivo comum e se recusam a entender o óbvio.
O investidor e o empresário custam a enxergar que seu projeto precisa ser tocado por um gerente do contrato, um profissional que, com pouca estrutura de pessoal, interesse nos resultados, e com a informática a seu dispor, executa todo o processo diretamente no canteiro, reduz custos, despesas indiretas, cafezinho e espaço no escritório central.
O profissional precisa se enquadrar neste cenário, estar sintonizado e preparado para ocupar o espaço que lhe cabe. Não pode se acomodar atrás de uma mesa, feliz apenas com o emprego, precisa sim de trabalho, precisa correr riscos, vencer desafios e gerar resultados. Isto resulta na valorização do profissional.
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